Zuzu vai à Câmara falar de pesquisa sobre professores de escolas públicas que virou livro

por Informática última modificação 08/06/2023 18h41
Convidado pela vereadora Luciene Fachinelli, o professor Wellington Félix Cornélio, Zuzu, para falar sobre sua obra “O imaginário do Professor Herói na Cultura da Escola Pública”.
Zuzu vai à Câmara falar de pesquisa sobre professores de escolas públicas que virou livro

Zuzu ressaltou que a obra é fruto de sua pesquisa de mestrado, realizado em 2016, em duas escolas estaduais de Uberaba. “O tema “herói” é discutido desde a Grécia antiga, mas tem grande repercussão ainda nos dias atuais. O herói nada mais é que uma ilusão na qual acreditamos para resolver problemas de ordem imediata. Qualquer sociedade precisa de mitologia. A mitologia está vinculada a rituais que legitimam figuras públicas ou civis para atuar em certas funções, por exemplo: a toga magistral legitima um juiz a exercer sua profissão, assim como a faixa presidencial legitima um indivíduo a se tornar presidente e o giz/pincel e apagador no exercício da profissão docente”, destacou.

O professor enfatizou que na escola não seria diferente. “A figura de “salvador” dos problemas da Educação Brasileira é o ‘professor-herói’. A escola nos últimos 30 anos mudou sua dinâmica, a sua real utilidade dentro da sociedade. Antes, o ambiente escolar era cenário de conhecimento, de construção de aprendizado, mas com o neoliberalismo a escola acabou tornando-se um local de ação social. Na verdade, a instituição escolar perdeu sua importância enquanto local de geração de conhecimento, desconstruindo portanto a identidade do professor”, revelou.

Em trecho de sua obra, Zuzu cita que o professor, muitas das vezes, é convocado a desempenhar as funções de assistente social, enfermeiro, psicólogo, conselheiro, orientador sentimental, entre outras. “Nesta concepção, estas exigências colaboram para um sentido de desprofissionalização, de perda de identidade profissional da constatação de que ensinar, às vezes, não é o mais importante. No processo escolar, hoje, o professor é um ‘faz tudo’, e como ele não consegue atender toda a demanda destacada pra ele, ele acaba tornando-se um vilão. O professor, especialmente na rede estadual (na qual trabalho), está sendo resumido a ‘preenchedor de planilha, quando a essência do professor, na verdade, é ministrar uma boa aula”, disse.

Zuzu destacou que José Carlos Libâneo frisa que se o professor perde o significado do trabalho tanto para si próprio como para a sociedade, ele perde a identidade com a sua profissão. “O mal-estar, a frustração, a baixa auto-estima (sic) são algumas consequências que podem resultar dessa perda de identidade profissional. Paradoxalmente, no entanto, a ressignificação de sua identidade – que passa pela luta por melhores salários e pela elevação da qualidade da formação – pode ser a garantia da recuperação do significado social da profissão.”

 

Jorn. Karla Ramos

Dep. Comunicação da CMU